O dólar encerrou a semana em forte alta, enquanto a bolsa caiu nesta sexta-feira (11), em meio a um cenário externo incerto e preocupações contínuas com a questão fiscal no Brasil.
Na sessão, o dólar subiu 0,55%, cotado a R$ 5,6156, na contramão do movimento em demais mercados emergentes, à medida que a aversão a risco era acentuada por preocupações com o cenário fiscal no Brasil. Na semana, a alta acumulada foi de 2,92%.
Já o principal índice do mercado brasileiro, o Ibovespa, caiu 0,28% no dia e 1,365% na semana, aos 129.992,29 pontos.
Os mercados avaliavam novos dados econômicos dos Estados Unidos, com destaque para inflação ao produtor, enquanto continuavam a debater o próximo movimento do Federal Reserve, apostando majoritariamente em um corte gradual nos juros em novembro.
Também seguiam no radar a escalada das tensões no Oriente Médio, com Israel ampliando sua ofensiva no Líbano, e a expectativa pelo detalhamento das medidas de estímulo fiscal na China, o que deve ocorrer em coletiva de imprensa do Ministério das Finanças chinês no sábado.
No cenário doméstico, agentes financeiros demonstravam preocupação com a situação fiscal, o que fazia os ativos brasileiros terem um pior desempenho do que seus pares no exterior e a curva de juros brasileira acumular altas sólidas.
No Brasil, o volume de serviços no Brasil frustrou as expectativas e recuou 0,4% em agosto, interrompendo dois meses seguidos de expansão e após atingir patamar recorde. Ante o mesmo mês do ano passado, houve expansão de 1,7%. Expectativa em pesquisa da Reuters apontavam altas respectivas de 0,2% e 3,6%.
Já nos EUA, dados mostraram que o índice de preços ao produtor ficou estável em setembro, após avanço de 0,2% em agosto e abaixo da previsão de economistas de acréscimo de 0,1%. Os números foram conhecidos um dia após números mostrarem uma inflação ao consumidor acima das expectativas do mercado.
Após os dados, os contratos futuros de juros precificavam uma chance de 85,4% de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduzir os juros em novembro em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 4,50% a 4,75%.
Câmbio
O real ampliava ainda mais as perdas desta semana ante o dólar, com a falta de apetite por risco no exterior afetando um cenário doméstico já ruim na visão de investidores, que inclui desequilíbrio das contas públicas e uma atividade econômica superaquecida.
"É um momento no curto prazo de aversão ao risco no mercado internacional. No Brasil, isso reflete no preço do dólar ( ) Mas tem um pouco de incerteza fiscal também", disse Brayan Campos, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
No exterior, o cenário negativo para ativos de maior risco, segundo analistas, tem como principais fatores a escalada nas tensões do Oriente Médio, a incerteza quanto à política monetária do Federal Reserve e um certo mal-estar com medidas de estímulo na China.
Os elementos externos têm sido a principal causa para a valorização do dólar frente ao real nas últimas sessões, com a moeda norte-americana em alta de 3,27% na semana.
Nesta sexta-feira, no entanto, a maioria das moedas emergentes ganhava contra o dólar, em um movimento de ajuste em sessão de agenda internacional esvaziada.
"Temos um cenário doméstico nada bom, tendo como reflexo o dólar para cima, machucando bastante os ativos por aqui", disse Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
A junção de fatores externos e domésticos ruins também tinha efeito na curva de juros brasileira, com as taxas futuras registrando altas sólidas nesta sessão. Todos os contratos com vencimento a partir de janeiro de 2027 subiam mais de 1%.